A penhora de bens é uma medida judicial para garantir o pagamento de dívidas, mas há regras que protegem o consumidor. Para que ocorra, é necessário um processo na Justiça, garantindo ao devedor o direito de defesa. Nem todos os bens podem ser penhorados, como a residência única e itens essenciais
A penhora de bens é uma preocupação frequente para consumidores endividados. Afinal, uma dívida pode resultar na apreensão de bens? Como funciona esse processo? Para esclarecer essas questões, conversamos com o advogado Rogério Pardini, especialista em direito do consumidor.
O que é penhora de bens?

A penhora de bens, segundo Pardini, ocorre quando a Justiça determina a retenção de um bem do consumidor inadimplente para garantir o pagamento de uma dívida. No entanto, esse procedimento só acontece após um processo judicial e uma decisão definitiva do juiz.
“Para que um bem seja penhorado, a empresa credora precisa ingressar com uma ação na Justiça. O consumidor será notificado e terá o direito de apresentar defesa. Somente após a decisão judicial e a não quitação da dívida, a penhora poderá ser realizada”, explica Rogério Pardini.
O que diz a lei sobre a penhora na casa do consumidor?
O consumidor endividado não perde seus bens imediatamente. O processo judicial segue uma sequência de etapas, que incluem intimação e possibilidade de defesa. Além disso, existem regras claras sobre quais bens podem ser penhorados.
O que não pode ser penhorado:
- O imóvel que serve de residência para o devedor (bem de família);
- Salários, aposentadorias e pensões até 40 salários mínimos;
- Bens essenciais à sobrevivência, como geladeira, fogão e camas;
- Ferramentas de trabalho do devedor.
O que pode ser penhorado:
- Veículos, desde que não sejam essenciais ao trabalho;
- Imóveis que não sejam a residência principal;
- Valores em conta bancária acima do limite protegido por lei;
- Outros bens que possam ser vendidos para quitar a dívida.
Como funciona o processo de penhora?
O processo segue algumas etapas fundamentais:
- Ação judicial: O credor entra na Justiça solicitando a cobrança da dívida;
- Notificação do consumidor: O devedor recebe uma intimação para apresentar defesa;
- Decisão judicial: Se o juiz reconhecer a dívida e o consumidor não pagar, a penhora pode ser determinada;
- Busca por bens: A Justiça verifica, primeiro, se o devedor possui dinheiro em conta, imóveis ou outros bens passíveis de penhora;
- Execução da penhora: Caso haja bens disponíveis, o juiz pode leiloá-los para pagar a dívida.
Muitos consumidores temem que oficiais de Justiça possam simplesmente aparecer em suas casas e levar seus bens. No entanto, isso é raro. “Antes de qualquer apreensão de bens, a Justiça busca outros meios, como bloqueio de contas bancárias ou identificação de bens registrados no nome do devedor”, destaca Pardini.
O que fazer se receber uma notificação de penhora?
Se um consumidor recebe uma notificação de penhora, ele deve agir rapidamente:
✔ Verificar a autenticidade do documento – Golpistas podem se passar por oficiais de Justiça. Sempre confira com um advogado ou diretamente no tribunal;
✔ Apresentar defesa – Dentro do prazo estipulado, o consumidor pode contestar a dívida, pedir revisão de valores ou negociar um acordo;
✔ Procurar um advogado – Se não puder pagar, pode buscar a Defensoria Pública;
✔ Negociar com o credor – Muitas empresas aceitam parcelamentos ou renegociações antes da penhora ser efetivada.
Orientações para evitar problemas
A melhor forma de evitar a penhora de bens é manter as finanças organizadas e negociar dívidas assim que surgirem. “Os credores preferem receber um acordo a ter que recorrer ao Judiciário. Por isso, sempre que possível, tente renegociar”, aconselha Pardini.
Caso já exista um processo judicial, é essencial acompanhar os andamentos. O consumidor deve manter seu endereço atualizado, pois, se não receber a intimação, pode perder prazos importantes para sua defesa.
Mecanismo legal
A penhora de bens é um mecanismo legal utilizado para garantir o pagamento de dívidas, mas segue regras específicas que protegem o consumidor. Compreender esse processo e saber como agir em caso de notificação é fundamental para evitar prejuízos. Em qualquer situação de dívida, a melhor alternativa é buscar soluções antes que o problema se agrave.
Texto: Angela Crespo
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