Com a chegada do Open Banking e, mais pra frente, do Open Finance, os desbancarizados poderão ter mais acesso a serviços financeiros
Com a chegada do Open Banking, os desbancarizados estão no foco das instituições financeiras, assim como os sub-desbancarizados. Não é à toa este interesse das instituições por eles, uma vez que movimentam R$ 817 bilhões na economia anualmente, de acordo com pesquisa do Instituto Locomotiva.
Mas como eles vão ser “capturados” pelo sistema financeiro com o Open Banking? É isso que irá explicar Bruno Chan, CEO da Klavi, fintech especializada em inteligência e processamento de dados financeiros. Ele é o entrevistado da jornalista Angela Crespo no programa Consumo em Pauta.
Conforme Chan, o barateamento de taxas e tarifas das contas e de vários produtos financeiros será o grande motor na captura dos desbancarizados. “Com o Open Banking, novas startups, fintechs, bancos digitais vão nascer ou crescer. E elas vão oferecer melhores condições para aqueles que ainda não estão bancarizados ou para os subbancaricarizados”, diz.
Ele acrescenta que o acesso a bons produtos com taxas de juros mais baixas e custos de manutenção baratos poderá levar esta população a entrar no sistema financeiro. A queda dos preços de taxas e tarifas, ainda segundo CEO da Klavi, está vinculada ao mundo digital, já que as instituições que atuam neste universo têm custos menores, a começar que não precisam ter agência bancária.
Os desbancarizados e o Open Finance
Entretanto, o Open Banking é um serviço de compartilhamento de informações entre instituições financeiras. Assim, só é possível entrar neste processo quem já tem um histórico de relacionamento com os bancos. Um desbancarizado não tem relacionamento, tampouco dados para compartilhar.
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Mas, em breve, estará operando também o Open Finance. Neste processo, haverá a possibilidade de compartilhamento de outros dados. Não ficará restrito apenas aos dados bancários. “Mesmo um desbancarizado paga conta de água, de luz, de telefone, entre outras. As informações sobre o histórico de pagamento dessas contas também poderão ser compartilhadas. Isso possibilitará aos desbancarizados levar para as instituições financeiras tradicionais ou nos novos formatos, como banco digital e fintechs, seu comportamento de pagamento. Isso ajudará na criação do seu perfil financeiro e no acesso a produtos financeiros”, explica Chan.
Redução do número de desbancarizados
Os desbancarizados estão, aos poucos, sendo introduzidos no sistema financeiro. Mas, ainda, há 34 milhões de brasileiros sem conta bancária ou usam com pouca frequência a conta aberta.
Os dados são do Instituto Locomotiva referentes a janeiro de 2021. O estudo do instituto aponta que, em janeiro deste ano, 10% dos brasileiros não tinham conta em banco (16,3 milhões), enquanto outros 11% (17,7 milhões) não movimentaram a conta no mês anterior. Portanto, um total de 21% da população não tem conta em banco ou tem, mas usa muito pouco. Um ano antes, em janeiro de 2020, essa parcela era de 29% do total.
A redução do número de desbancarizados se deu por várias razões: avanço da digitalização intensificado pela pandemia, a popularização de serviços como o PIX e, claro, o pagamento do auxílio emergencial. Este último impulsionou a inclusão financeira dos que não tinham relacionamentos bancários, uma vez que 66 milhões de pessoas receberam o subsídio governamental via conta digital aberta na Caixa.
Na Mega Brasil
Para saber mais sobre desbancarizados e Open Banking, acesse a Rádio Mega Brasil Online nesta segunda (04/10), às 16 horas. Reapresentações na terça, às 9 horas, e na quarta, às 20 horas.