O dinheiro está curto e não é possível pagar todas as despesas? A situação pode ser equilibrada eliminando prestações de carro ou até de um apartamento cujas chaves ainda não foram entregues
O dinheiro está curto e não dá para pagar todas as contas? Milhões de brasileiros estão vivendo a mesma situação. Conforme dados da Serasa Experian, são 60 milhões de inadimplentes até março, ou 41% da população com mais de 18 anos de idade. Juntos, eles devem R$ 256 bilhões.
Uma saída é desapegar, mas a dica só vale para aqueles que têm um bem, como um carro ou até um apartamento cujas chaves ainda não foram entregues, como exemplos.
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Essa é uma das orientações de Marcelo Monteiro, especialista em finanças pessoais e diretor de novos negócios da PH3A, empresa que atua em soluções para recuperação de crédito. “Voltar passos atrás, temporariamente, pode ser uma saída possível contra o sufoco financeiro até que a maré brava passe. E pode se ganhar fôlego financeiro para não aumentar o nível de inadimplência”, completa.
"É preciso frieza neste momento para
não comprometer mais ainda o futuro”,
Marcelo Monteiro, da PH3A
Quem tem um contrato com uma incorporadora de um apartamento que ainda está em construção pode pedir o distrato e reaver até 75% do valor pago (é o que vem garantindo a Justiça) e, de quebra, eliminar uma prestação que possivelmente onera o orçamento doméstico. Quanto ao carro, se estiver financiado, é possível repassá-lo e eliminar outra dívida. Se já estiver quitado, vale a recomendação de passá-lo para frente e adquirir outro, de menor valor, restando um saldo que pode ser usado para as despesas essenciais. “Essas atitudes significam abrir mão de um sonho, mas é preciso frieza neste momento, deixar a emoção de lado para não comprometer mais ainda o futuro”, aconselha Monteiro.
Quem não tem o que desapegar, o jeito é “cortar, cortar, cortar”, diz Monteiro. “Não dá para orientar a tentar ganhar mais no atual momento econômico do País, até porque o mercado está ‘demissor’”, acrescenta o diretor da PH3A. Para comprovar isso, basta olhar os números do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito): 42% dos brasileiros têm alguém que perdeu o emprego dentro da própria casa. Ou seja, quatro em cada 10 brasileiros convivem com o desemprego.
Onde cortar? É fundamental, primeiro, entender de onde vem o dinheiro e para onde ele vai. Isso é possível por meio de orçamento doméstico. Depois, priorizar o que é essencial, criando um ranking para identificar o que pode ser eliminado do orçamento e, ainda, optar por produtos mais baratos e, claro, adiar projetos até que se consiga o equilíbrio financeiro.
Feito isso, quais dívidas priorizar? A resposta é pessoal, assinala Monteiro. Há quem diga que as despesas básicas como luz, água e alimentação devem ser mantidas. Mas já se nota que há um aumento na inadimplência nas contas de luz, o que se leva a crer que, para algumas pessoas, há outras prioridades, mesmo correndo o risco de corte do fornecimento. “Quem está com dinheiro curto vai fazendo ‘pedaladas’. Paga um mês a conta de luz, deixa dois sem pagar, e assim vai equilibrando”, diz o especialista em finanças pessoais.
Por Angela Crespo