Praticamente metade dos usuários que adquirem produtos piratas esconde a compra
Produtos piratas já foram comprados por mais de 45 milhões de brasileiros. A questão preço é que motiva essas aquisições. Esses dados fazem parte de um estudo realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal Meu Bolso Feliz, que buscou entender como funciona o mercado de réplicas e falsificados no Brasil e os motivos que levam o consumidor a esse tipo de compra.
Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o valor bem inferior ao de um produto original é o que facilita o acesso de pessoas, mas oito em cada dez consumidores de falsificados ou réplicas (83%) comprariam os produtos originais, se pudessem.
"Para quem tem recursos financeiros inferiores aos valores dos produtos de luxo, a compra de falsificados é um dos mecanismos encontrados para inserir-se no mercado de marcas famosas", diz a especialista. "A compra expressa o desejo de adquirir status, diferenciar-se dos outros, e sentir-se como parte de um grupo 'exclusivo' de pessoas", explica.
A pesquisa revela que 69% dos brasileiros já compraram produtos piratas, principalmente roupas (39%), calçados (22%) e eletrônicos (17%). Os itens mais comercializados são roupas, acessórios e calçados, e o público que mais compra é jovem, pertence à classe C e possui menor escolaridade.
Foi identificado na pesquisa que praticamente metade (49%) dos usuários de produtos não originais esconde a realidade da compra – principalmente pessoas até 55 anos, pertencentes à classe C e de menor escolaridade. Desses, 24% ficariam muito constrangidas caso alguém descobrisse.
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Ainda conforme dados do estudo do SPC Brasil, 48% dos entrevistados já foram enganados sobre a legitimidade dos produtos na hora da compra. "Entre réplicas e falsificados, muitas vezes é difícil diferenciar os produtos do original. Isso facilita a enganação por parte dos vendedores", explica Kawauti. "O ambiente da compra pode ser um importante fator para o consumidor se atentar. Independentemente se for em uma loja de rua, shopping popular ou supermercados, é válido reparar na qualidade do produto e informações da marca que visam diferenciar o verdadeiro do falso."
Cerca de 40% dos consumidores disseram não perceber as diferenças entre as réplicas e os produtos piratas, ainda que 43% acreditem que as réplicas têm qualidade superior. Quando se observa a opinião dos que não compram produtos não originais, 63% afirmam que esses itens não possuem a mesma qualidade. Porém, apenas uma em cada dez pessoas (12%) cita motivos éticos para evitar a compra de falsificados, ao dizer que não quer financiar o mercado ilegal.
Prejuízo
Segundo o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, além da discussão sobre qualidade ou constrangimento do consumidor, a compra e venda de produtos não originais envolve problemas e discussões muito maiores. "O comércio de itens falsificados definitivamente representa um prejuízo para a economia do país e graves riscos para a saúde e o meio ambiente, uma vez que os produtos não passam pelas restrições do controle de qualidade impostas ao mercado legal da indústria", afirma.
O presidente afirma, ainda, que frequentemente a fabricação de falsificados está inserida em um contexto de exploração da mão de obra, com baixíssimas remunerações e péssimas condições de trabalho. "Esse mercado pode servir para financiar uma série de outras atividades criminosas", alerta Pellizzaro. Estima-se que o mercado perca R$ 30 bilhões com a venda ilegal de produtos piratas, considerando apenas 13 segmentos da indústria, segundo o Fórum Nacional de Combate à Pirataria.
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