Renegociar as dívidas nos permite mensurar o tamanho do problema e estabelecer prazos para solucioná-lo definitivamente. Mas é necessário pensar em nossos equívocospara que não os repitamos
Por Dora Ramos
Se na sua casa as despesas multiplicaram-se e a situação financeira ficou complicada em 2016, você esteve como a maioria dos brasileiros. No último semestre, a Confederação Nacional de Comércio, Bens, Serviços e Turismo divulgou um dado preocupante: 58,2% das famílias do país estavam endividadas, e muitas delas declararam não ter condições de pagar boletos, carnês e faturas de cartões de crédito pendentes.
Diante de uma situação como essa, a primeira coisa que fazemos é nos questionarmos sobre o que fizemos para chegar a tal condição. Acontece que, em meio ao desespero, as respostas parecem não chegar; e, quando não identificamos as causas do problema, solucioná-lo se torna praticamente impossível.
Embora cada família tenha suas peculiaridades, todas estão sob algumas condições semelhantes e enfrentam dificuldades parecidas. A maior delas é, sem dúvida, resistir às ofertas do comércio. Estrategicamente, o mercado nos estimula a consumir de maneira desenfreada, criando necessidades que não temos.
O primeiro passo para quitar dívidas antigas é reduzir as despesas atuais, e, para isso, é indispensável distinguir gastos necessários e supérfluos. Essa não é uma tarefa fácil, e o ideal é que seja feita com o consentimento de toda a família. Identificados os exageros, é hora de cortá-los. Abrir mão de alguns caprichos é um sacrifício necessário para sair do vermelho.
Despesas imprevistas também estão entre as principais causas do endividamento. É verdade que muitas vezes erramos porque não temos reserva destinada a um acidente, problema de saúde, viagem de emergência, pagamento de uma multa e afins, e esses gastos, além de inesperados, podem ser frequentes, enormes e nos colocar em uma situação muito difícil.
Algumas pessoas resolvem “fugir” das dívidas e voltar a pensar nelas “quando as coisas melhorarem”. Este pensamento nos leva a um abismo financeiro, já que esse período de “esquecimento” provavelmente não virá acompanhado de uma interrupção no consumo.
Renegociar as pendências nos permite mensurar o tamanho do problema e estabelecer prazos para solucioná-lo definitivamente. Ainda que você descubra que regularizar sua situação será um processo demorado, saberá que, em um momento definido, as circunstâncias melhorarão. Durante o período de renegociação e acerto de contas, é necessário pensar em nossos equívocos a fim de que, futuramente, não os repitamos.
Encarar os números ainda é a dica mais simples e eficaz para lidar com eles. Para quem tem dívidas, colocá-las no papel é importantíssimo para estimar suas proporções. Para aqueles que não têm grandes problemas financeiros, registrar os gastos é uma alternativa interessante para garantir que, em algum momento, você não vá consumir mais do que arrecada. Que tal enfrentar as contas e começar um período revolucionário para o seu orçamento?
Dora Ramos é educadora financeira e diretora responsável pela Fharos Contabilidade & Gestão Empresarial