Boa parte dos consumidores ainda não está familiarizada com a sigla ESG. Os que a conhecem têm procurado tomar decisão de compra com base nas práticas ecológicas, sociais e de governança de seus fornecedores
Possivelmente, você já deve ter ouvido a sigla ESG. Ela vem do inglês – environmental, social and governance (meio ambiente, social e governança) e diz respeito à integração da geração de valor econômico aliado à preocupação com as questões ambientais, sociais e de governança corporativa. Na verdade, é uma forma de as empresas mostrarem responsabilidade e comprometimento com o mercado, seus consumidores, fornecedores, colaboradores e investidores.
Infelizmente, boa parte dos consumidores ainda não está familiarizada com a sigla. Contudo, os que a conhecem têm procurado tomar decisão de compra com base nas práticas ecológicas, sociais e de governança de seus fornecedores.
Cerca de 38% dos brasileiros já ouviram falar da sigla ESG, aponta o “Relatório ESG e Sustentabilidade 2022”, do Opinion Box de julho do ano passado. Contudo, a mesma pesquisa aponta que 67% dos consumidores têm a preocupação, ainda que parcial, de saber se a empresa adota medidas relacionadas ao ESG ao tomar uma decisão de compra.
Por sua vez, o estudo “Os consumidores querem tudo”, do IBM Institute for Business Value, traz a informação de que 62% das pessoas estão dispostas a mudar os hábitos de consumo para reduzir o impacto ambiental.
O que ESG tem a ver comigo, consumidor?
Tudo. Como vimos acima, ela está relacionada com o comportamento das empresas no que tange meio ambiente, social e governança. Assim, quando você compra um produto ou contrata um serviço cuja empresa não está nem aí para essas questões, você está apoiando o comportamento dela.
Mas a sigla ESG também está relacionada ao comportamento do consumidor, enfatiza Cláudia Pires.
Conforme a fundadora e CEO da startup so+ma, focada em mudança de comportamento, sustentabilidade e reciclagem, o “E”, para o consumidor, pode ser compreendido que se, “eu não estou dando destinação correta ao lixo, com processo correto de reciclagem, estou impactando o meio ambiente”.
Já o “G”, para a especialista, é como a empresa lida com aquele lixo – como caixas, papéis, etc – que não queremos levar para casa junto com o produto comprado. “Ela tem de ser transparente e dizer ao consumidor, OK, você não vai levar isso, então direcionaremos para a cooperativa x de reciclagem, por exemplo.”
Ao dizer a destinação do “lixo”, está se estimulando uma cadeia de trabalhadores que atua para transformar aquilo que está sendo descartado. “E aí temos o ‘S’ sendo impactado”, conclui Cláudia Pires.
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Um novo consumidor
Cláudia Pires aponta que precisamos despertar em nós um novo consumidor e eliminar de vez o estigma de que há lixo. “Quando encaramos nossos resíduos como lixo, não damos nenhum valor, deixamos em qualquer lugar que, com certeza, vai contaminar o meio ambiente. Agora, se for dada destinação correta, aí deixa de ser lixo para virar um novo item.”
Outra atitude positiva do consumidor, para Cláudia, é sempre se fazer a pergunta: vamos consumir o produto ou a embalagem? E deixar para quem vende a responsabilidade de o que será feito com o que não queremos. “Isso leva a um movimento casado. Eu, como consumidor me questiono se preciso levar para casa além do item comprado. E a empresa começa a assumir a responsabilidade em dar destinação correta aquilo que acompanha o produto e não nos interessa.”
Por outro lado, diz a CEO da so+ma, ao comprar um item nós, consumidores, olhamos inúmeros detalhes, como data de validade, composição, tamanho, etc, dependendo do item. Mas quando o consumo daquele item se encerra, encaramos que a relação com ele acabou. Não pensamos nos resíduos que ele deixou, que precisam ter destinação correta.
Na Mega Brasil
A entrevista com Cláudia Pires, da so+ma, vai ao ar nesta segunda (13/02), na Rádio Mega Brasil Online. Reapresentações na terça, às 9 horas, e na quarta, à 19 horas. Você pode rever a qualquer momento no canal da Mega Brasil no Youtube.