Jovens cancelam planos de saúde em números crescentes, sobrecarregando o SUS. Entenda os motivos e as consequências dessa tendência
Nos últimos anos, tem-se observado um fenômeno preocupante: o crescente número de jovens cancelando seus planos de saúde. Conforme dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), milhões de jovens, especialmente na faixa etária de 20 a 29 anos, têm optado por renunciar a cobertura particular, o que levanta questões sobre as razões por trás dessa escolha e seus impactos no sistema de saúde brasileiro.
O que tem influenciado diretamente as decisões dos jovens que cancelam planos de saúde, contudo, é que eles valorizam a qualidade de vida e a flexibilidade financeira. Para muitos, o custo de manter um plano de saúde não compensa, especialmente quando comparado a outras prioridades financeiras.
Raul Canal, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem), aponta que “os jovens estão mais propensos a avaliar o plano de saúde como um gasto desnecessário, considerando que são geralmente mais saudáveis e preferem direcionar seus recursos para outras áreas”.
Outros fatores para os cancelamentos
Além da questão financeira, muitos jovens questionam a eficácia dos serviços oferecidos pelos planos de saúde. Problemas como a falta de transparência, cancelamentos unilaterais e dificuldades de acesso a determinados serviços são frequentemente mencionados como motivos para a insatisfação. “Os planos de saúde precisam melhorar os serviços oferecidos e reconquistar a confiança dos segurados, especialmente entre os mais jovens”, sugere Canal. A percepção de que os planos de saúde não oferecem um bom custo-benefício é um dos principais motivadores para o cancelamento.
O impacto dos cancelamentos no SUS
O aumento significativo dos cancelamentos entre os jovens pode sobrecarregar ainda mais o SUS (Sistema Único de Saúde), alerta o presidente da Anadem. “Se essa tendência continuar, o SUS precisará absorver milhões de novos usuários, o que pode comprometer ainda mais a qualidade e a agilidade dos atendimentos.”
A sobrecarga pode resultar em filas mais longas, menor acesso a exames e consultas especializadas e uma pressão crescente sobre os recursos já limitados do sistema público.
Alternativas e opções
Diante desse cenário, muitos jovens optam por alternativas como planos sazonais ou o pagamento direto por consultas e exames, sem vínculo fixo com uma operadora. Além disso, há aqueles que preferem confiar no SUS, que apesar de suas limitações, oferece atendimento gratuito e abrangente. Entretanto, essa decisão deve ser ponderada, considerando que a saúde é uma área crítica e imprevistos podem acontecer.
Anadem e o papel na defesa dos direitos médicos
A Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem) tem atuado de forma ativa na defesa dos direitos médicos e na promoção do debate sobre questões relacionadas à saúde no Brasil. Fundada em 1998, a entidade busca garantir que as práticas no setor sejam transparentes e benéficas tanto para os profissionais da saúde quanto para os consumidores.
Texto: Angela Crespo
Fonte: Anadem
Imagem: divulgação