A telemedicina é um processo remoto de atendimento e monitoramento de pacientes, troca de informações médicas e análise de resultados de diferentes exames
A telemedicina já é uma realidade no mundo e começa a chegar no Brasil, embora a classe médica brasileira ainda reluta em implantar o atendimento remoto em saúde. O Conselho Federal de Medicina (CFM), entretanto, atua para mudar esta realidade, tanto que recebe, até 31 de julho, sugestões para a elaboração de nova norma ética e técnica sobre a telemedicina, e alguns planos de saúde já vêm adotando a prática.
Mas o que é telemedicina e como ela pode beneficiar o paciente no atendimento e até em redução de custos tanto para o indivíduo quanto para o Estado e os planos de saúde?
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Quem explica tudo isso é Guilherme Hummel, coordenador científico do HIMSS@Hospitalar, fórum que discutiu a telemedicina ou Digital Health, com 47 conferências e profissionais de 11 países que apresentaram as melhores práticas, produtos e serviços de eHealth. Ele é o entrevistado da jornalista Angela Crespo no programa Consumo em Pauta.
A telemedicina, conforme o Portal Telemedicina, “é um processo avançado para monitoramento de pacientes, troca de informações médicas e análise de resultados de diferentes exames. Estes exames são avaliados e entregues de forma digital, dando apoio para a medicina tradicional”.
“Com o uso de tecnologias de informação, que agregam qualidade e velocidade na troca de conhecimento,” ainda conforme o portal, “os médicos podem tomar decisões com maior agilidade e precisão; os especialistas conseguem acessar os exames de qualquer lugar do país, utilizando computadores e dispositivos móveis, como smartphones e tablets conectados à internet”.
Atendimento remoto
Mas a realidade brasileira com o atendimento remoto à saúde ainda é medíocre, conforme Hummel, se comparado com às maiores economias do mundo. “Estamos muito atrás, inclusive, de outros países da América Latina que não está entre as 10 maiores economias do mundo.”
Uma cesta de motivos impõe esta defasagem, sendo uma das principais as lideranças das últimas quatro décadas que foram ignorantes em relação ao avanço tecnológico na área da saúde, acrescenta o especialista. Para ele, “a telemedicina é a solução para disponibilizar saúde para mais pessoas principalmente num país continental como o Brasil”, diz Hummel.
Crescer o atendimento remoto no país na área da saúde, para Hummel, só trará benefícios e não impactará o brasileiro, que já vive um cotidiano de uso da tecnologia em suas relações pessoais e como consumidor, visto os serviços de diálogos online que só crescem, além do voto eletrônico, transações bancárias, e-commerce, etc.
Mas para que avancemos de forma mais rápida ao acesso à saúde de forma remota, diz Hummel, é fundamental que toda a sociedade, a imprensa, a indústria de tecnologia e o Estado direcionem sua atenção ao tema. “Mas, infelizmente, só o caos fará que avancemos mais rápido com a telemedicina. O próprio Estado tem dificuldades para a contratação de profissionais de saúde, o que comprova que o atendimento remoto é irreversível.”
Se o Brasil estivesse avançado no uso da tecnologia no atendimento aos pacientes, diz Hummel, 75% dos problemas de saúde seriam resolvidos no primeiro atendimento e de forma remota, o que evitaria que pacientes necessitassem se deslocar e, consequentemente, reduziria o custeio de toda máquina pública e privada no atendimento à saúde.
Telemedicina possibilita atendimento rápido
Em uma década, acredita o especialista, 50% do primeiro atendimento, seja para triagem ou para quem já tem uma patologia e venha a sofrer com uma crise, será feito por telemedicina, possibilitando atendimento rápido e redução de custos, uma vez que é muito caro manter uma clínica com médicos e equipamentos. “Sem contar que, quando se permite que a relação entre médicos e pacientes seja feita remotamente, milhares de investidores vão pôr dinheiro o que, automaticamente, fará o preço dos atendimentos cair.”
No mundo, empresas de telemedicina e teleconsulta já trabalham no agendamento e no acompanhamento de pacientes com doenças crônicas, como se fosse um e-commerce. Muitos dos pedidos de consultas são agendados para o mesmo dia do pedido.
O médico, por sua vez, pode trabalhar de onde quiser, sem grandes investimentos em estrutura, e ao atender o paciente faz uma pequena triagem e já define se ele deve ir imediatamente para um hospital ou indica uma medicação. Alguns pedem exames laboratorias. “A França entrou com a telemedicina há dois anos e na marcação da consulta o sistema já pede um hemograma. Assim, no primeiro diálogo com médico ele já tem um perfil do status clínico do paciente.”
Sem contar que, garante Hummel, a telemedicina é muito interessante para as operadoras de saúde e elas estão se preparando para o atendimento remoto.
Quer saber mais sobre telemedicina? Acesse a Rádio Mega Brasil Online nesta segunda (15/07), às 16 horas. Reapresentações na terça, às 19 horas, e na quarta, às 9 horas.