Nova lei irá punir com mais rigor os crimes eletrônicos. Mas só isso não basta. É preciso muita prevenção e precaução para não ter prejuízo no bolso
Os crimes eletrônicos serão punidos com mais rigor. A Lei 14.155/2021, sancionada recentemente torna mais rígidas as punições do Código Penal para crimes cometidos por meio de dispositivos eletrônicos.
Mas isso não significa que devemos baixar a guarda. Principalmente com o celular, visto que hoje cada vez mais ele é um meio de pagamento. Por meio dele é possível fazer qualquer transação bancária.
O que fazer, então, para não ser vítima de crime eletrônico? Esta é uma das questões que serão respondidas por Marcelo Campelo, advogado especialista em Direito Criminal. Ele é o entrevistado da jornalista Angela Crespo no programa Consumo em Pauta.
Cuidados com o celular
Para quem aderiu completamente à carteira digital via celular, Campelo alerta que é preciso ter mecanismos de travamento do aparelho para não ter prejuízos caso ele caia em mãos alheias.
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“Mas isso não basta. É preciso repensar se não é muito arriscado ter toda a vida financeira dentro do aparelho”, pontua.
Um exemplo citado por ele é o uso do PIX ou WhatsApp Pay pelo celular. “Imagine se um bandido te obriga a abrir sua conta no banco no celular para ver o seu saldo. E só te libera quando você fizer, via PIX, a transferência do seu dinheiro para outra conta.”
Para o advogado, para não correr este risco, talvez seja melhor continuar com os velhos DOC ou TED para transferências de valores. Isso porque estes sistemas têm mecanismos de travamento. O que não ocorre com o PIX. “Uma vez transferido o valor, não tem volta. Mesmo que a transferência seja por com uma arma na cabeça.”
Crimes eletrônicos em alta
Há muitos outros tipos de crimes eletrônicos que exigem de todo consumidor prevenção e precaução. E eles crescem a cada ano de forma avassaladora.
Dados da Apura Cybersecurity Intelligence, empresa especializada em segurança digital, apontam alta de 394% nas ameaças eletrônicas em 2020, na comparação com 2019.
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Para este ano, a empresa alerta que a entrada dos novos meios de pagamentos eletrônicos demandará atenção maior dos usuários para, assim, se livrarem de prejuízos financeiros com os golpes.
Entre estes crimes, o advogado comenta sobre os golpes em grandes sites de venda. Uma das principais formas de se aplicar esses golpes pela internet é aquele em que o estelionatário copia o anúncio de um veículo, oferece-o por um preço atraente e faz a ponte entre vendedor e comprador. Assim, o criminoso pede parte do valor adiantado. “A lábia do criminoso é tão eficaz que ele consegue que as pessoas se dirijam ao cartório para assinar o documento de transferência sem se falar, contando uma história de que é parente e o depósito deve ser feito em uma conta indicada por ele. A vítima, interessada no negócio, realiza o depósito e o bandido some com o dinheiro rapidamente. Infelizmente, o golpe é constatado só depois que não se consegue mais rastrear o dinheiro.”
Outro golpe famoso é o do boleto. As pessoas recebem uma oferta atraente de algum produto por e-mail, com informação de que deve pagar o boleto para não perder a oportunidade. Corre para pagar e perde seu dinheiro.
No caso dos boletos, a pessoa pode conferir a sua origem, quem o emitiu antes de pagar, e, por essa razão, os estelionatários fazem uma oferta que ‘cega’ a pessoa que deseja pagar rapidamente para garantir a oportunidade. “Nesses casos, o rastreamento do dinheiro se torna praticamente impossível, pois os agentes transferem rapidamente para diversas contas e utilizam contas de laranjas para emissão de boletos.”
Para o advogado, o único caminho para se evitar golpes é a prevenção. “Prevenir é simples. Passa pela conferência dos documentos e não acreditar em milagres. Mas a principal dica é, não pague se tiver o mínimo de dúvida e confira várias vezes antes de realizar o depósito”, aconselha Campelo.
Comportamento preventivo
Para não cair em golpes eletrônicos é fundamental seguir algumas regras. Entre elas, não clicar em nada sem checar a procedência.
Cuidado redobrado com as senhas é outra dica. Nunca se deve usar senhas óbvias e não armazená-las no celular ou no computador. Isso porque, os equipamentos podem ser furtados, roubados ou invadidos e as senhas capturadas.
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As redes sociais também merecem atenção. A postagem de fotos de viagens, de veículos ou casas demonstram o padrão de vida e muitas vezes até o endereço. Jamais faça check-in em sua própria residência, isso o torna localizável.
Para os aplicativos, inclusive de mensagens, além de utilizar a verificação em duas etapas para acesso, combine palavras chaves com seus contatos para comprovar a veracidade da mensagem.
Por fim, prefira sempre pagar com cartão de crédito virtual se for usá-lo em compras online. A maioria dos bancos disponibiliza esta função.
Mega Brasil
Para saber mais sobre golpes virtuais, acesse a Rádio Mega Brasil Online nesta segunda (14/06), às 16 horas. Reapresentações na terça, às 9 horas, e na quarta, às 20 horas.