Corrida de rua fake, mais uma modalidade esportiva! Ainda mais para quem quer só se inscrever online e participar de um evento, por causa de um golpe virtual pode se frustrar. Quem vai conseguir participar de uma corrida falsa?
Corrida de rua fake, mais uma modalidade esportiva! Você está preparado fisicamente. Na internet, viu uma competição barata, que incluía camiseta, sacolinha e medalha para cada participante, verificou que a data estava livre na sua agenda e tinha saldo suficiente para pagá-la. Havia também fotos bonitas e convidativas. Não teve dúvida, clicou no link e se inscreveu. Veio a confirmação. Ficou esperando o email para buscar o kit, geralmente alguns dias antes do evento. E nada. Sabe por quê? Porque se tratava de uma corrida de rua fake. Ou seja, em síntese, ela não seria realizada. Os organizadores só queriam seu dinheiro.
A corrida de rua se tornou uma atividade física muito popular nos últimos anos. Há empresas especializadas em organizá-las regularmente, que disponibilizam a compra e o registro da inscrição online.
Infelizmente, os golpes virtuais são extremamente comuns e, cada vez mais, abrangem serviços diferentes. E as corridas de ruas não ficaram de fora.
Relato pessoal
“Em janeiro deste ano, recebi via grupo de whatsapp de corrida a informação sobre o Circuito Esporte Vida – no Parque Ecológico do Tietê, que aconteceria em um domingo do mesmo mês.
O fato de receber via grupo de corrida e que seria pelo portal Sympla me deixou seguro em fazer minha inscrição. Recebi os comprovantes via email, normalmente.
Devido à Covid, o evento foi adiado para 17 de abril; o local para retirada do kit seria informado oportunamente.
Comecei a desconfiar quando o link da Sympla, no dia 10 de abril, divulgou que a corrida havia acontecido em janeiro, o que não era verdade. Também consultei o portal da Sympla e minha inscrição não aparecia lá. E, ainda mais, fiquei sabendo que a inscrição para a mesma corrida estava aberta no site. Eu tinha a comprovação da minha inscrição.
Faltando cinco dias para a realização da corrida, comecei a ver na internet vários relatos que afirmavam que a corrida era golpe. Imediatamente, tentei contato com o organizador e não tive resposta. Enfim, entrei no portal Sympla e fiz uma denúncia via compliance (canal de comunicação com a empresa; também registra a sua conduta) do portal.”
Quem conta esse episódio frustrante é Wagner Marinho da Silva, executivo de vendas, que pratica corrida há mais de 20 anos. Ele afirma que corre para a manutenção de uma boa saúde, pelo prazer de conviver com pessoas que pactuam do mesmo objetivo e por diversão também. “Já comprei muitas corridas pela internet e é a primeira vez que deu problema”, avisa.
Organizador sem autorização
A plataforma Sympla enviou rapidamente um email para Silva, explicando que o evento havia sido cancelado. No documento também constava que todas as iniciativas publicadas “passam por uma análise para garantir a sua segurança” e, também, que “os organizadores se comprometem a seguir os termos de uso, que estabelecem uma série de regras e boas práticas para utilização das nossas ferramentas de gestão de eventos”.
Especificamente sobre a corrida em questão, a mensagem dizia: “Vimos que o organizador não tinha autorização dos responsáveis do local para publicar esse conteúdo, o que vai contra as regras estabelecidas na plataforma. Sendo assim, o evento foi removido e todos os ingressos associados a eles foram cancelados”.
O corredor ainda informa que recebeu seu dinheiro de volta.
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Corrida de rua fake, mais uma modalidade esportiva
Como eu posso me proteger para fugir dessas corridas anunciadas e que não acontecem? O que devo levar em conta?
“Primeiramente, buscar informações sobre a localização do evento e seus patrocinadores. Entrar em contato com os patrocinadores ou visitar as suas mídias sociais para acessar as agendas oficiais. Se o evento não estiver na agenda oficial desses patrocinadores, já é um indício de que se trata de fraude”, afirma Marcos Poliszezuk, sócio fundador da Poliszezuk Advogados.
Outra situação importante, de acordo com o advogado, é comparar os preços. “Geralmente as corridas patrocinadas possuem parcerias com sites com preços superiores aos que são informados por esses sites não credenciados. No mais, procurar informações na internet, como por exemplo os sites “Reclame Aqui”, para verificar se essas empresas não possuem reclamações anteriores.”
Caí no golpe. O que faço para conseguir o ressarcimento?
“Se cair no golpe, a primeira situação a fazer é entrar em contato com o organizador oficial do evento e informar o ocorrido e pedir pelo ressarcimento dos valores. Geralmente os sites sérios costumam ressarcir. Caso não receba pelo infortúnio, poderá ingressar com uma medida judicial no Juizado Especial Cível (também conhecido como de pequenas causas), solicitando a reparação dos danos materiais”, esclarece. Poliszezuk acrescenta que “a medida pode ser tomada tanto individual como coletivamente e a pretensão da satisfação do direito será a mesma, ou seja, o ressarcimento dos prejuízos sofridos”.
Por Raquel Budow
