Os 14 meses não são contados a partir do vencimento da dívida, diz o SPC Brasil. Mas, sim, quando o inadimplente começa a querer saldar o que deve
O inadimplente brasileiro precisa de 14 meses para conseguir pagar suas contas em atraso. É isso que mostra pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
A razão de o inadimplente levar tanto tempo para resolver suas pendências financeiras será explicado por José Vignoli, educador financeiro do SPC Brasil. Ele é o convidado da jornalista Angela Crespo no programa Consumo em Pauta.
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Os 14 meses, conforme Vignoli, não é contado a partir do vencimento da dívida e, sim, do momento em que o inadimplente começa a se preocupar com ela. “O processo para limpar o nome é rápido, mas antes quem deve precisa quitar o seu débito e é aí que ‘o bicho pega’”, enfatiza o educador financeiro.
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“Se já está inadimplente é porque não tem dinheiro. E, provavelmente, não tem nenhum controle de seu orçamento doméstico. Até fazer o levantamento do como está suas entradas e saídas de dinheiro, ver onde poderá cortar para ter saldo para pagar o que deve vão meses”, acrescenta Vignoli.
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E esta é uma atitude de grande parte dos endividados, que são muitos. No Brasil, conforme números do SPC Brasil, há 62 milhões de inadimplentes, ou 40% da População Economicamente Ativa (PEA). “É bom que se saiba que nenhum lojista gosta de negativar um consumidor. Quando ele faz isso está perdendo o cliente”, diz Vignoli, acrescentando que é interesse de todos que a população não fique inadimplente. “No momento, o número de inadimplentes não está crescendo e até cai, mas isso não ocorre porque o brasileiro está comprando melhor e com mais controle, mas pela falta da movimentação da economia.”
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Os vilões do endividamento do brasileiro, conforme o educador financeiro, não são o cartão de crédito, o cheque, os financiamentos. “É o estilo de vida que o consumidor consciente ou inconscientemente assumiu”, completa Vignoli, acrescentando que, por exemplo, há o hábito de incorporar o limite do cheque especial ou do cartão de crédito no orçamento doméstico. Ou seja, vive-se com o dinheiro dos outros. “Se se você está usando um meio de pagamento (cartão de crédito ou cheque especial) ou um dinheiro externo para viver algo está errado na sua vida.”
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Pior, acrescenta o educador financeiro. Este mesmo comportamento está sendo passado para as próximas gerações a partir do momento em que pais compram um brinquedo no Dia das Crianças que não teriam condições financeiras para tanto. “Ao agirem assim estão criando um futuro usuário do cheque especial porque passam a informação de que o dinheiro nunca acaba.”
A falta de diálogo na família sobre o lado financeiro é outra questão que leva ao endividamento. Conforme Vignoli, é muito comum conflitos familiares por conta de dinheiro quando se resolve falar sobre o assunto. “Tudo é escondido e as famílias só tratam do assunto, com o perdão da palavra, quando a vaca já foi pro brejo.”
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Neste momento a conversa é dura, negativa, com muitas acusações. Busca-se, então, planificar tudo o que entra e o que sai. Aí se passa a ter consciência da real situação financeira da família. Vem então o susto, mas a atitude mais comum é fingir que nada está acontecendo e o buraco continua crescendo. “Se há um diálogo cotidiano sobre dinheiro, o clima é até positivo. É importante incluir os jovens e as crianças a cooperar com as contas dentro de casa reduzindo o tempo do banho, apagando a luz do quarto, etc.”
Para saber mais sobre endividamento do brasileiro sob a perspectiva do SPC Brasil, acesse a Rádio Mega Brasil Online nesta segunda, as 16 horas. Reapresentações na terça, às 19 horas, e na quarta, às 9 horas.
Por Angela Crespo