Golpe das pirâmides financeiras. Mais uma maneira de ludibriar o consumidor. Ganhar muito em pouco tempo e chamar mais gente para o “negócio”. Você acha que está aproveitando uma oportunidade quando, na verdade, está prejudicando a si mesmo e a outras pessoas ao mesmo tempo
Promessa de altos ganhos para quem aderir ao negócio. Isso já basta para as pessoas abraçarem as pirâmides financeiras. E os envolvidos atraem, necessariamente, mais participantes. Na maioria das vezes, essas iniciativas são divulgadas como formas fáceis de investimentos, vendas diretas ou arranjos comerciais com retornos rápidos que superam as expectativas.
“Já houve algumas pirâmides famosas de serviço de telefonia, de alarme de carro, cosméticos, produtos de limpeza, entre outras”, enumera o administrador André Massaro, coordenador do Grupo de Excelência em Administração Financeira (Geaf), do Conselho Regional de Administração de São Paulo. Ele exemplifica: “Quando a pirâmide é baseada em produtos, esses viram um veículo para o investidor transferir dinheiro entre os níveis. Se é uma pirâmide disfarçada de esquema para vendas diretas de cosméticos, a pessoa tem que comprar os produtos para revender. Contudo, a maioria nem consegue vender esses cosméticos e paga caríssimo por eles”.
“Nas vendas diretas, corre-se o risco de pagar bem mais caro, porque, decerto, os produtos são veículos para transferência de dinheiro dos níveis mais baixos da pirâmide para os mais altos”, explica Massaro.
Pirâmides x golpes
Golpe das pirâmides financeiras. Promessas de rentabilidade atraente, lucros altos e garantias de retornos rápidos e acima da média do mercado vêm atraindo cada vez mais pessoas em investimentos falsos de pirâmides financeiras. Isso acaba por comprometê-las. Na verdade, são mais uma modalidade de golpe.
Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em 2020 houve um aumento de 75% na incidência de pirâmides em relação ao ano anterior.
Geralmente, os esquemas de pirâmides se expandem e se tornam mais populares em momentos em que a economia está em crise: “É uma situação propícia para se fazer promessas de ganhar muito dinheiro e convencer as pessoas a entrarem no esquema. Durante a fase aguda da pandemia, muitas pessoas fecharam suas empresas, perderam o emprego e ficaram sem renda. Então, elas começam a querer dinheiro de todo jeito e algumas, em estado de verdadeiro desespero, se tornam vítimas em potencial dos criminosos. Eles são especialistas em montar esse tipo de esquema sempre disfarçando a pirâmide de alguma outra coisa”, comenta Massaro.
+ Blindagem básica para evitar golpes financeiros
Golpe das pirâmides financeiras
Certamente, existem várias formas de identificar se o convite para aderir à pirâmide é um golpe. A primeira delas é analisar o tamanho da promessa. Para exemplificar, o administrador cita a pirâmide que se apresenta como oportunidade de investimento, que tipicamente acena com possibilidades de retorno. “No mundo dos investimentos, seja em um banco ou uma corretora de valores, não há promessa de retorno de valores. Afinal, as restrições regulatórias do mercado financeiro não permitem que se fale nisso”, ressalta.
E emenda: “Quando alguém menciona surpreendentemente retorno, algo como ‘ganhe 5%, 10% ao mês’ já é um sinal amarelo. Se falam de um retorno mais alto é um sinal vermelho. Basta comparar com outros investimentos no mercado. Se a promessa for algo muito acima disso, é algo suspeito”. Ou seja, pode-se ter aderido a uma pirâmide financeira.
Claro, temos aplicações de risco no mercado mais agressivas e que rendem acima da média, mas é muito diferente do que estamos falando aqui.
Outra forma de identificar é pela comunicação. Os esquemas de pirâmide têm um tipo de abordagem muito característico. “Eles fazem uso intenso de sinais visuais para despertar o desejo das pessoas. Usam muito material de mídia, vídeo e fotos associadas à riqueza, como mansões, carros de luxo e viagens paradisíacas, sempre sugerindo que você vai ficar rico, o que realmente mexe com a ambição das pessoas. Por isso, esse tipo de comunicação voltada para o emocional é, evidentemente, outro sinal claro de pirâmide”, complementa.
O que as vítimas devem fazer?
Um dos requisitos da pirâmide é de que o participante traga outras pessoas. Ao tentar convencê-las de entrar no esquema, por consequência, se tornam cúmplices de uma fraude, ou seja, ajudam a aumentar o número de vítimas.
Vale recorrer às autoridades, mas é muito difícil resgatar o valor investido. A maioria das pirâmides é criada por quadrilhas especializadas, que enviam o dinheiro para fora do Brasil.
Segundo uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), e do Sebrae, cerca de 11% dos brasileiros já caíram em golpes financeiros. Desses, 55% foram atraídos por esquemas de pirâmides. Entre os que aderiram o negócio, 66% não conseguiram reaver os valores.
“Lamentavelmente, a história mostra que a maioria das pessoas envolvidas em pirâmide não recupera o dinheiro, uma vez que as chances de perdas são muito grandes. É possível tentar entrar com um processo contra a empresa que fez a pirâmide, mas como essas organizações são mal-intencionadas desde o início, quando o esquema explode elas desmontam tudo e, depois de cinco anos, voltam com outro nome”, conclui Massaro.
Por Raquel Budow
Respostas de 2
Boa noite.
Gostaria de saber o que temn a dizer sobre as pirâmedes GREEN WORLG, AFFLUENCE GLOBAL PROSPECT, que operam em vários países africanos.
Olá, Hermenegilda
Não conheço essas pirâmides..
Mas se são pirâmides, eu caio fora