Os reviews em produtos podem ser de grande ajuda ao consumidor na hora de comprar online. Mas, cuidado, reviews podem ser falsos
Os reviews em produtos são uma realidade no comércio online. Eles representam uma análise crítica por parte de quem comprou. O consumidor normalmente relata a sua experiência e recomenda ou não a compra.
Os reviews em produtos, todavia, têm a mesma função do antigo boca-a-boca, de quando não existia o comércio eletrônico.
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Mas até que ponto as avaliações sobre produtos e empresas são verdadeiras e representam a opinião de um ou mais consumidores? O que deve o consumidor fazer para saber se a avaliação é verdadeira ou fruto de uma ação comercial? O que pode fazer aquele consumidor que comprou por acreditar na avaliação e se deu mal? Como não cair em armadilhas?
Todas estas questões serão abordadas por Renata Abalém, advogada, diretora Jurídica do IDC (Instituto de Defesa do Consumidor e Contribuinte), conselheira da Ordem dos Advogados do Brasil Seção de Goiás e presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB- Goiás.
A advogada é a entrevistada da jornalista Angela Crespo no programa Consumo em Pauta desta semana.
Reviews falsos
O tema sobre reviews de produtos é importante porque, recentemente, foi descoberto um esquema gigantesco de reviews falsos envolvendo a Amazon. De forma resumida, fornecedores compravam feedback positivos de consumidores a fim de ter avaliações positivas para seu negócio.
O esquema exigia que o consumidor fizesse uma compra no site da Amazon e, após receber o produto, ele postava um comentário positivo, recomendando o produto ou o fornecedor. Então, encaminhava o link da postagem positiva para a empresa e recebia de volta o que foi pago na compra. E ficava com o produto.
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Conforme a Safety Detectives, que revelou o esquema, mais de 13 milhões de registros de reviews falsos foram encontrados. Cerca de 200 mil pessoas estão envolvidas, entre vendedores e consumidores.
Direitos dos consumidores
Será que no Brasil o consumidor pode procurar a Justiça caso descubra que comprou com base num review falso?
A princípio, a advogada diz que, juridicamente, sim. “Mas não sabemos como será o resultado desta ação judicial porque ninguém até hoje recorreu ao Judiciário. Ou seja, não há ainda jurisprudência”, pontua a dra. Renata.
Base para a ação judicial ela diz que há. “Assim sendo, poderia linkar como caso análogo de fake news, pela LGPD, e agregar a legislação consumerista. O CDC determina que toda informação tem de ser verdadeira e ostensiva.”
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Em alguns países, relata a advogada, há multas pesadas para o fornecedor que for pego comprando reviews falsos. Outra punição é que ele não poderá mais vender naquele marketplace. Da mesma forma, o consumidor também é proibido de fazer novas compras.
Fugindo de golpes
O comércio eletrônico teve crescimento potencializado com a pandemia. No ano passado, pesquisa da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico) aponta para aumento de 68% nas compras virtuais.
Certamente, com isso, é claro, muitos espertalhões se aproveitaram da inexperiência de compras online de parte da população para aplicar golpes.
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Assim, diz a dra. Renata, além do cuidado com os reviews, é importante que o consumidor tenha o hábito de verificar a confiabilidade do site no qual está comprando. Entre as dicas, primordialmente estão a de olhar se há cadeado, se o link começa com https e possíveis erros de português na linha digitável. “Nunca clicar em nenhum link”, acrescenta.
Além disso, a advogada chama a atenção que até páginas de empresas grandes são clonadas por golpistas. “Golpes não são aplicados somente quando se compra. Ao passear pelo site o consumidor também corre risco de ter seus dados capturados.”
Compras nas mídias sociais
Sem dúvida, em razão da pandemia, cresceu muito o comércio por mídias sociais. “E elas deixam o consumidor mais suscetível a golpes”, pontua a dra. Renata. A razão é simples: a compra é feita no privado. O consumidor faz o pedido, paga pelo PIX ou boleto sem ter muitas referências de quem ele está comprando.”
Nas lojas de mídias sociais, a advogada recomenda olhar com atenção os reviews. Isso porque, alguém que não ficou satisfeito vai escrever sua experiência negativa. “Outra forma de se prevenir é procurar saber se a loja existe fisicamente, se tem CNPJ e pesquisar possíveis reclamações contra ela nos Procons, Reclame Aqui e no próprio Google.”
Para saber mais dicas sobre compras online, acesse a Rádio Mega Brasil Online nesta segunda (17/05), às 16 horas. Reapresentações na terça, às 9 horas, e na quarta, às 20 horas. A entrevista também fica disponível no canal da Mega Brasil no YouTube.