Informações disponíveis no Cadastro, mesmo para quem está negativado, tendem a melhorar oferta e condições de financiamento. Por isso, os consumidores devem ficar no Cadastro Positivo
Os birôs de crédito, como Serasa, SPC, Boa Vista e Quod, passarão a receber das instituições financeiras informações dos consumidores para o novo Cadastro Positivo. Sancionada em abril deste ano, a nova lei passou a valer a partir de julho oficialmente, mas os cadastros não estavam ativos ainda, pois o mercado aguardava algumas instruções e aprovações operacionais do Banco Central.
A nova lei torna compulsório o cadastro do perfil de crédito dos consumidores, que serão encarregados de pedir a exclusão do sistema, caso não queiram suas informações disponíveis. Em 2011, quando o Cadastro Positivo passou a vigorar de maneira optativa, apenas 5% dos consumidores, 6 milhões de brasileiros, haviam aderido voluntariamente. A partir deste ano, a expectativa é que o novo Cadastro absorva informações de 110 milhões de pessoas, segundo o BC.
Breno Costa, diretor da Neurotech, empresa que utiliza inteligência artificial para mensuração de risco de crédito, aconselha que os consumidores, mesmo aqueles que estão endividados, fiquem no novo Cadastro Positivo, pois este sistema pode melhorar a oferta até para quem está negativado. “Os pagamentos das contas mais diversas, desde luz, telefone, tv à cabo, quando feitos em dia, influenciarão positivamente a nota de crédito. Às vezes a pessoa ficou negativada por conta de dificuldades pontuais, e isso não deveria ser o único ponto a avaliar numa oferta de crédito. Com o Cadastro Positivo, outras varáveis entram no jogo, o que melhora o acesso a recursos do mercado”, analisa o especialista.
Desta forma, a avaliação é de que o Cadastro Positivo contribua para a inclusão financeira da população e democratize o crédito. Segundo levantamento da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), no Brasil existem mais de 62 milhões de consumidores negativados. Além disso, existem 45 milhões de brasileiros que não têm conta em banco, mas possuem contas de consumo e, portanto, farão parte do Cadastro Positivo também. O dado, do Instituto Locomotiva, aponta que esta população “desbancarizada” movimenta mais de R$ 800 bilhões por ano.
“Quando você está inserido no Cadastro Positivo, e vier a solicitar um crédito, seus dados estarão disponíveis e podem melhorar a análise do seu crédito e, por consequência, quesitos como: valor do crédito, prazo de pagamento melhores, taxas de juros melhores e até tempo de decisão menor”, destaca Costa. Nesse sentido, quanto mais acurado for o banco de dados referente ao cliente, mais a concessão de crédito tende a crescer – tanto em volume quanto em qualidade.
Segundo o especialista, existem diversas outras informações que podem ser consideradas, principalmente com a ajuda de tecnologia de ponta, como a inteligência artificial. Dados internos da Neurotech mostram que é possível para uma instituição financeira aumentar aprovações de crédito em mais de 15% utilizando ferramentas mais acuradas de análise, conforme a experiência de empresas clientes.
“O sistema financeiro já dispõe de várias ferramentas para identificar o perfil do tomador de crédito e continua ampliando os investimentos em análise de dados. O uso mais intenso de ferramentas tecnológicas pode melhorar significativamente os índices de inadimplência e os spreads”, afirma Costa.
Vai ganhar mercado quem souber usar a ferramenta para adequar suas ofertas ao perfil de cada um dos consumidores. “As ofertas têm que ser individualizadas o que demandará grande poder de uso dos dados disponíveis, dos novos e dos que estão disponíveis de forma não direta”, ressalta.
Como funciona o Cadastro Positivo
O Cadastro permitirá que cada brasileiro tenha uma nota de crédito (escore), definida de acordo com o pagamento de suas contas, como empréstimos bancários, cartão de crédito e de serviços públicos de fornecimento de água, luz e telefone. Terá escore mais alto quem paga todos os seus compromissos em dia. E tal reputação será considerada pelas instituições financeiras na hora de conceder crédito ao consumidor. Atualmente, o sistema contém os dados de aproximadamente seis milhões de clientes.
Análise do Banco Central demonstra que, nos Estados Unidos, após a adoção de um sistema de Cadastro Positivo, 80% da população passou a ter acesso a crédito, com redução da inadimplência. No México e na Colômbia, houve crescimento na concessão, principalmente para a população de baixa renda e para públicos que tinham mais dificuldade de acessar linhas mais baratas.
As estimativas mais conservadoras, compiladas pelo BC, projetam que o Cadastro Positivo no Brasil pode trazer um aumento de R$ 600 bilhões na carteira de crédito com recursos livres, além de movimentar mais R$ 450 bilhões em impostos federais e R$ 200 bilhões em arrecadações estaduais nos próximos dez anos.
Texto: Assessoria de Imprensa