Um desconhecido da maioria dos consumidores, o Open Banking permite aos correntistas de um banco disponibilizar seus dados para as instituições financeiras concorrentes. A sua regulamentação aconteceu em 2019 e sua implementação foi concluída em maio de 2022
A cada dia surge um novo produto tecnológico com foco no consumidor. Na realidade, muitas dessas novidades influenciam positivamente e facilitam o dia a dia de uma pessoa. Mas, quando se desconhece o seu uso e aplicação, que diferença ela faz?
Parece aquele poema “No meio do caminho”, de Carlos Drummond de Andrade: “No meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho”. Falando sério, a falta de conhecimento e informação cria verdadeiros obstáculos. A ferramenta está logo ali; porém não é utilizada.
Com explicações simples práticas e conversas com usuários – e por que não com representantes dessas tecnologias – sobre programas e aplicativos, fica mais fácil entender o que são, como funcionam e, principalmente, como podem ajudar o consumidor.
Um dos assuntos em que essa descrição cabe direitinho é o Open Banking.
Você sabe o que é esse tal de Open Banking?
Mais que um termo em inglês, o Open Banking permite aos correntistas de um banco disponibilizar seus dados para as instituições financeiras concorrentes. A sua regulamentação aconteceu em 2019 e sua implementação foi concluída em maio de 2022.
Você pode estar se perguntando: mais uma vez meus dados vão ficar sendo espalhados por aí sem controle?
Só que essa inovação regulatória é diferente. Bem utilizada, o consumidor, com histórico de pagamentos em dia, vai receber ofertas de empréstimos com juros mais baixos e melhores condições em cartões de crédito e seguros, entre outros produtos bancários.
E quem não precisa disso em algum momento de sua vida?
+ Compartilhamento de informações financeiras começou
+ Tem dúvidas com informações sobre o Open Banking?
Pesquisa Boa Vista
A Boa Vista, empresa de inteligência analítica, realizou uma pesquisa sobre Open Banking, com 735 consumidores das principais regiões do Brasil, para identificar o nível de conhecimento em relação ao sistema de compartilhamento de dados financeiros. As informações conceituais foram extraídas do Banco Central.
O resultado do trabalho apontou que metade dos consumidores tem pouco ou quase nenhum conhecimento sobre o Open Banking. Já 29% indicaram ter ouvido falar e ter algum conhecimento e apenas 21% consideraram conhecer o tema suficientemente.
No entanto, 49% dos respondentes indicaram que pretendem aderir ao compartilhamento de dados via Open Banking. Em contrapartida, 51% se declararam indecisos, e os principais motivos são: receio sobre o sistema de Open Banking (27%); falta de clareza sobre como poderão ter acesso aos benefícios (23%); dúvidas sobre como as informações serão compartilhadas e utilizadas (20%); ocorrência de fraude (20%), e por se tratar de um serviço não obrigatório (10%).
Open Banking, um desconhecido dos consumidores
Quando os consumidores foram apresentados ao conceito de Open Banking e, após a leitura do material elaborado, 70% dos respondentes apontaram o que mais gostaram: a maioria, 21%, mencionou o acesso a opções de crédito mais vantajosas e o relacionamento com instituições financeiras. Na sequência, tanto a liberdade de escolha para o compartilhamento de dados quanto a oferta de produtos e serviços financeiros personalizados foram mencionadas por 14% dos entrevistados. Cerca de 12% não souberam explicar o que mais gostaram e 18% ficaram incomodados frente a uma insegurança sobre o tema.
Por outro lado, 45% dos respondentes indicaram ter receio da ocorrência de fraudes, diante da necessidade de compartilhar e expor os dados financeiros para as demais instituições.
Ainda na pesquisa da Boa Vista, o público com a faixa de idade entre 35 e 44 anos (57%) demonstrou maior pretensão em aderir ao Open Banking. Em relação a classe social, as classes AB (55%) e C (52%) registraram a maior taxa de intenção em aderir o sistema.
“O sucesso do Open Banking depende do uso de avançadas técnicas de analytics, como as que a Boa Vista oferece ao mercado. Isso porque nada impede, em um exemplo, que um consumidor que tenha contas em dia em um banco, mas não tenha um histórico tão bom em um segundo banco, disponibilize apenas as informações do primeiro. A regulamentação da ferramenta dá esta opção ao cliente”, reforça o vice-presidente de Negócios da Boa Vista, Lucas Caiche Guedes.
O consumidor quer crédito com melhores condições
O estudo da Boa Vista ainda abordou em quais situações os entrevistados autorizariam o compartilhamento de dados. Quase a metade, 48%, admitiu estar disposta a ceder seus dados caso consigam melhores condições na contratação de crédito. Assim, o cartão de crédito registrou 57% das menções, seguido de empréstimo pessoal (49%), financiamento imobiliário (44%) e financiamento de automóvel (42%).
Para 31% dos consumidores obter melhores limites de crédito – seja por meio do cartão de crédito, imite do cheque especial, linhas de crédito – é a principal motivação para compartilhar seus dados com outras instituições financeiras. A expectativa de receber produtos e serviços personalizados foi citada por 15% dos respondentes.
Quando questionados sobre quais instituições compartilhariam seus dados financeiros, 65% dos consumidores afirmaram que cederiam suas informações para instituições financeiras com as quais já possuem algum tipo de relacionamento. Já cerca de um terço dos entrevistados declararam que não compartilhariam dados com corretoras de valores.
Com informações claras e diretas, os correntistas poderão decidir pelas opções de mercado mais significativas para sua vida financeira. O Open Banking, um desconhecido dos consumidores, merece ser visto como uma possibilidade bastante interessante.
Por Raquel Budow